Durante a segunda guerra, Irena conseguiu permissão para
entrar no Gueto de Varsóvia sob o pretexto de fazer a limpeza em esgotos. Na
saída, ela escondia crianças em sua caixa de ferramentas e sacos lixo,
levando-as para lares temporários e escondendo sua origem judia. Para
lembrar-se do nome real das crianças, Irena anotava os dados em um pedaço de
papel e colocava em uma jarra, que foi enterrada no quintal.
Uma das memórias mais vivas para a heroína era o choro das
crianças e dos pais ao serem separados. Perguntada sobre o motivo de
submeter-se ao risco, ela contou que sempre lembrava do conselho do pai, que
perdera aos 7 anos de idade: “Se você se deparar com uma pessoa se afogando,
tente resgatá-la, ainda que não esteja certa de saber nadar. Faça alguma coisa,
não assista o outro morrer sem tentar ajudar”.
Unida ao Zegota, um grupo de resistência ao Nazismo, ela
recebia deles os nomes das casas para onde podia levar as crianças resgatadas.
Em um dado momento Irena foi descoberta, presa e torturada.
Apanhava quase todos os dias, mas nunca entregou os nomes dos envolvidos. Ela
disse encontrar força na coragem dos pais das crianças que ajudou, no choro da
separação, no sacrifício. Depois de 3 meses na prisão, foi sentenciada à morte.
No dia da execução, um guarda a deixou escapar. Ele havia recebido dinheiro da
resistência para salvar a vida de Irena.
Quando a guerra terminou, Irena desenterrou a jarra com os 2500
nomes e saiu em busca de reunir as famílias. Infelizmente a maior parte estava
órfã.
Até bem pouco tempo essa história era desconhecida, até que
em 1999 um grupo de alunos norte-americanos resolveu pesquisar a vida de Irena
para um trabalho de conclusão de curso. Chegaram ao nome da heroína através de
uma nota no jornal, e em seguida descobriram que Irena estava viva, em
Varsóvia.
Em 2007 essa grande mulher foi indicada ao Prêmio Nobel da
Paz.
Irena morreu em 12 de maio de 2008, mas seu trabalho ganhou
continuidade em uma organização que se chama Life in a Jar (vida em uma jarra).
Que seu nome permaneça em nossa memória como um canto de
esperança. Obrigada, Irena Sendler!
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